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A pouca oferta de crédito é o maior problema enfrentado atualmente por empresas que precisam de caixa para atravessar o período de crise econômica provocada pelas medidas de restrição à circulação das pessoas tomadas pelo governo para conter o novo coronavírus no país.
Pesquisas da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas) e do Simpi (Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo) apontam que mais de 90% dos empresários estão com dificuldades para levantar recursos junto aos bancos. Esses empréstimos são fundamentais, apontam as entidades, para enfrentar o problema mais crítico no curto prazo, que é a preservação de empregos.
Entre as micro e pequenas indústrias, o Simpi levantou que 91% não estão conseguindo acesso a crédito neste momento. E, entre os empresários que estão obtendo financiamento, apenas 3% conseguiram capital de giro novo, enquanto 4% estão tendo recursos por meio de linhas de crédito que já tinham antes da chegada da crise.
Aumento de calotes
O levantamento, realizado com 208 empresas entre os dias 13 e 14 de abril, mostrou que uma parcela de 45% das empresas já registra aumento da taxa de inadimplência, ou seja, no número de calotes e na falta de pagamento, em relação aos registros de antes da pandemia.
Para 42% dos empresários, a inadimplência se manteve igual a antes da crise, enquanto 13% não sofrem com o problema da inadimplência por enquanto.
“O impacto da crise do coronavírus nas micro e pequenas indústrias de São Paulo já é amplamente negativo para a maioria”, afirma o presidente da entidade, Joseph Couri. Segundo ele, 44% dos dirigentes de micros e pequenas indústrias afirmam que a situação dos negócios irá piorar nos próximos dias, enquanto para 39% o quadro ficará estável. Apenas 14% estão otimistas e esperam alguma melhora, enquanto 3% não opinaram sobre o tema.
Governo e bancos precisam atuar, pede associação
Também na indústria de máquinas, o problema do crédito é destaque entre os empresários. Segundo levantamento da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas) com associados entre os dias 30 de março e 3 de abril, um universo de 32,4% dos associados da entidade já haviam procurado as agências bancárias na intenção de acessar capital de giro, apenas um terço conseguiu o crédito.
O levantamento mostrou que os motivos informados para a não obtenção das linhas foram taxas de juros elevadas, cadastro negativo, excesso de garantias exigidas e mesmo ausência de informação.
A pesquisa identificou que 79% das empresas fabricantes de máquinas e equipamentos precisam fazer uso de capital de giro adquirido no mercado bancário para cumprir suas obrigações com folha de salários, pagamento de fornecedores, impostos, parcelas de financiamentos assumidos e outras despesas fixas.
O presidente da Abimaq, José Veloso, disse que para contornar o aumento dos riscos que o setor financeiro se recusa a assumir, o governo deveria atuar oferecendo garantias, implementando medidas como a suspensão da exigência de cadastro negativo, direcionando o depósito compulsório liberado exclusivamente aos bancos compromissados em conceder o crédito.
“O setor financeiro também precisa mudar sua postura em relação ao seu cliente na concessão de crédito, considerando, além das garantias convencionais, o potencial do negócio do tomador. O sistema bancário brasileiro, diferentemente do estabelecido em países de economia dinâmica, está muito longe de assumir riscos e, principalmente, de valorizar o potencial do negócio de seus clientes”, afirmou o presidente executivo da Abimac.
Segundo a Abimaq, as demissões no setor podem chegar a 15% do nível de emprego dessa indústria, o que significaria 200 mil vagas fechadas, entre empregos diretos e indiretos.
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